Excesso de atividades pode sobrecarregar as crianças

A grande variedade de atividades disponíveis fora do horário regular de aulas pode levar a uma interpretação equivocada por parte das famílias - a de que crianças e adolescentes necessitam do maior número possível de tarefas extraclasse para se desenvolverem de forma plena. Às vezes, inclusive, os filhos estão sobrecarregados, e ninguém percebe. Cansaço contínuo e dificuldades na escola podem ser efeitos indesejados desse excesso de responsabilidades.
 

 Para Denise Arina Francisco, professora do curso de Pedagogia da Universidade Feevale e orientadora educacional na rede municipal de ensino, os pais devem, em primeiro lugar, conversar com os filhos para conhecer seus desejos e preferências. A partir daí, é possível chegar a uma decisão com base em mais fatores:

— Os pais também devem observar as áreas que possivelmente se relacionam às características dos filhos. Assistir algumas aulas para conhecer melhor a proposta do curso também é válido — aponta.


Confira outras dicas da professora:
– A imposição não é a maneira mais adequada de convencimento. A argumentação, aliada ao gosto da criança ou do adolescente, oportuniza uma decisão em comum acordo.

– Necessidades específicas, como a realização de um esporte caso o filho seja sedentário, exigem medidas mais enérgicas. Fazer algum tipo de atividade coletiva quando ele apresenta dificuldade de socialização contribui para o desenvolvimento.

– Para crianças em idade de Educação Infantil, é preciso buscar atividades voltadas à ludicidade, aprendizagem de uma segunda língua, recreação, arte, música, dança.

– No Ensino Fundamental, deve-se priorizar atividades relacionadas a esportes (em suas diversas modalidades), línguas estrangeiras, informática.

– No Ensino Médio, é importante privilegiar atividades que proporcionem relaxamento, principalmente quando o adolescente está em fase de preparação para concursos vestibulares. Nesse caso, dança, yoga e atividades afins ajudam, inclusive, na concentração nos estudos.

– Se a criança ou o adolescente quer desistir ou se recusa a fazer alguma atividade, deve-se tomar algumas medidas: verificar se ele está sendo sobrecarregado durante a jornada semanal; conversar sobre o motivo do desinteresse; comparecer à instituição para conversar com o coordenador da atividade.

– Encontrar a dose certa de tarefas extracurriculares pode levar um tempo, mas os pais devem sempre ter em mente que as atividades devem contribuir para o desenvolvimento e não ser um fardo para os filhos. 

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Doze dicas para serem Pais educadores


1 - Dê o exemplo

Se você quer que seu filho seja gentil, responsável e carinhoso, deve dar o exemplo. As crianças tomam os pais como modelo e tendem a imitar seus comportamentos. É muito mais importante não mentir, exercitar-se e comer adequadamente do que dizer para a criança que ela não deve mentir, que deve se exercitar e que precisa comer determinados alimentos. Se você deseja que ela se interesse por leitura, leia diante dela e leia para ela. “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” não funciona com crianças. Lembre-se de rir com a criança, mas nunca ria dela, porque isso é desrespeitoso. Brincadeira é quando todos se divertem. Se apenas um ri, é agressão. Configura desrespeito. E a criança só constrói o respeito pelo outro se ela própria é respeitada.

2 - Não negocie o inegociável

As crianças tendem a pedir tudo o que veem. Mesmo que você tenha poder aquisitivo, aprenda a dizer não e a limitar os mimos. Isso dará a seu filho a noção de que as coisas não caem do céu e de que tudo vem com esforço. Deixe claro que o importante não é ter coisas, mas estar cercado de pessoas a quem se ama. Em algumas situações, é possível negociar com seu filho. Se ele não quer ir embora da praça e você pode esperar mais um pouco, não há problema em combinar uma prorrogação de 15 minutos ou de meia hora na brincadeira. Tenha cuidado com prometer presentes em troca de comportamentos desejados. A criança precisa saber que nem sempre vai ganhar um prêmio pelo que fizer. É preciso ensinar que as atitudes têm valor em si, para que elas não se transformem em uma mera relação de troca.

3 - Critique os atos, não a criança

Se a criança tem uma atitude condenável, diga que você não gostou do que ela fez. Mas não denigra seu filho. Se você atacá-lo e criticálo – chamando-o de burro, de malvado, de preguiçoso ou de qualquer outra coisa negativa –, ele poderá construir a personalidade em torno dessas características e se tornar inseguro. O certo é dizer que a ação dele é condenável e incompatível com a pessoa elogiável que ele é.

4 - Seja firme e coerente

Deixe as regras bem claras. Nada pode ficar subentendido. Não é suficiente dizer para a criança se comportar. Isso é abstrato demais para ela. Diga quais comportamentos são esperados e quais são reprovados. Os pais precisam ser enfáticos e coerentes em relação ao que pode e o que não pode, explicando sempre o porquê. Devem ser fornecidas explicações que a criança seja capaz de entender, e não palestras ou discursos. Nada de papo-cabeça com criança. A lógica infantil precisa ser respeitada.
Converse muito e abra espaço para que a criança fale. O diálogo é fundamental no dia a dia. Conversar e ouvir é mostrar interesse, o que significa que a criança se sente respeitada e aprende a também respeitar. Não se pode esperar a adolescência para começar a conversar. A comunicação se constrói no tempo e por isso deve ser iniciada cedo. O diálogo ajuda a entender os problemas das crianças.

5 - Limite o tempo de TV e de internet

Computador e internet se tornam prejudiciais quando roubam tempo de outras atividades necessárias ou desejáveis. Uma a duas horas de TV por dia estão dentro do razoável. A criança precisa de outros tipos de estímulo e de contato com a natureza. No caso da internet, não subestime os perigos. Mantenha o computador em um local onde possa vigiá-la e acompanhe de muito perto o que seu filho põe na rede e com quem se relaciona. As tecnologias têm importância na educação das crianças, mas
é necessário cuidado com os excessos.

6 - Estabeleça horários

Acordar, comer, dormir – tudo tem de ter horário. A rotina ajuda a criança, principalmente a de menos idade, a organizar seu pensamento e a educa para seguir regras. Falta de rotina, pelo contrário, desorienta. Uma criança não tem condições de decidir que precisa ir dormir porque no dia seguinte terá de acordar certo por causa da escola. A organização deve ser de um adulto. Isso
prepara o terreno para ela própria aprender a se organizar.

7 - Não tenha medo de castigar

Com pouco tempo para ficar com os filhos, por causa do trabalho, os pais tendem a se sentir culpados na hora de dizer não e de castigar. Por esse motivo, acabam falhando em estabelecer limites. É preciso saber que em muitos casos se deve frustar o desejo das crianças – mas com carinho e respeito. Lembre-se que a criança lê a falha do pai em dar limites como falta de afeto.
Se é permitido a ela fazer tudo, entenderá que o adulto não se importa e não a ama. Primeiro, explique. Se a criança persistir agindo mal, pode ser o caso de castigar. Mas o castigo deve estar vinculado à coisa feita. Se ela riscou a parede, o castigo será limpar a parede. Assim ela aprende que fazer certas coisas tem um preço. O castigo não deve ser arbitrário, como deixar sem ver TV porque riscou a parede.

8 - Elogie o bom comportamento

Quando a criança fizer algo de bom, não poupe adjetivos. Elogie efusivamente e mostre sua satisfação. As crianças aprendem a repetir os comportamentos que são valorizados pelos pais. Não espere por grandes conquistas, que às vezes são difíceis de alcançar, para elogiar. Valorize as pequenas vitórias do dia a dia. Mesmo que seu filho não tenha obtida um 10, celebre o fato de ele ter melhorado o desempenho em uma disciplina na qual estava mal. Isso serve de estímulo.

9 - Aproveite o tempo juntos

Os pais se ressentem de longas jornadas de trabalho, que impedem um contato prolongado com seus filhos. Mas esteja atento ao fato de que passar o dia inteiro com a criança não é melhor do que passar pouco tempo, mas de forma correta. O que você deve fazer é dedicar, todos os dias, uma hora para ela – e apenas para ela. Desligue o celular, dê toda a sua atenção e faça algo em parceria: veja um filme abraçado, monte um quebra-cabeças, conte um história. Isso mostra que você valoriza seu filho. Ele precisa sentir esse carinho todos os dias. Depois disso, a criança vai se sentir gratificada e deixará tempo para você resolver outras questões.

10 - Seja presente na escola

Procure levar e buscar seu filho na escola, pelo menos algumas vezes por semana, converse com os professores e compareça às reuniões. Olhe sempre os cadernos das crianças e pergunte sobre as aulas. Se você não der atenção à vida escolar dela, a mensagem que você passa é de que isso
não é importante.

11 - Dê tarefas domésticas

A partir do momento em que seu filho aprende a caminhar, pode começar a assumir algumas pequenas tarefas, como guardar os brinquedos. Com o tempo, pode ir colaborando de outras formas, como arrumar a mesa das refeições ou ajudar com a louça. Além de educar, essa participação nos afazeres domésticos deixam a criança feliz, porque ela se sente participante.


12 - Favoreça a formação cultural



Desde cedo, leve a criança a teatros, cinemas, livrarias, museus e galerias de arte. Isso vai fazê-la refletir e vai deixá-la familiarizada com a riqueza do mundo das artes.

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A importância da educação infantil no processo de alfabetização

Desde a entrada da mulher no mercado de trabalho em igualdade com os homens que diversas mudanças ocorreram em nossa sociedade. Houve o surgimento das creches e da educação infantil e consequentemente as crianças passaram a conviver em sociedade muito mais cedo do que em outros tempos, assim como foram estimuladas e inseridas no contexto educacional mais precocemente. Fica então a pergunta: até que ponto este movimento é bom para as crianças?

Sabemos que o excesso de estímulos, pode ter consequências catastróficas em sua vida. Ela pode perder o interesse pelos estudos, achar ruim estar na escola ou até mesmo ficar deprimida, cansada, irritada ou estressada. Por isso, pensar a educação infantil como uma preparação para alfabetização é reduzir seu alcance e seus efeitos. Nesta fase da vida, do zero aos cinco anos, uma criança está em plena transformação e construção de suas potencialidades. É nesta fase que sua personalidade adquire marcas importantes, bem como conviver com os amigos, professores e demais pessoas são construídos. É onde também acontecem os trabalhos dos pré-requisitos importantes para que a alfabetização aconteça.
No Berçário, damos início ao trabalho da percepção auditiva, visual e tátil da criança. São importantes os estímulos musicais, as conversas e os carinhos assim como os estímulos móveis onde o bebê possa brincar tais habilidades. A observação de um objeto e o treinamento de seus movimentos para alcançar esse objeto são exemplos práticos desse trabalho.
No Maternal, esses trabalhos de percepção visual, auditivo e tátil se intensificam e, aliado isso, dá-se início ao trabalho de coordenação motora ampla, chegando ao de coordenação motora fina. A ampliação de vocabulário, que o fará um bom escritor, o trabalho com regras e rotina que facilitam o entendimento futuro das regras da alfabetização, a lateralidade e situações práticas que desenvolvam a lógica matemática.
A partir dos quatro anos, o trabalho com a criança se direciona para um caminho mais próximo do letramento. São desenvolvidas atividades práticas onde a criança constrói a quantificação dos símbolos numéricos e onde ela tem acesso à leitura de diferentes símbolos. A criança nessa idade não tem que fazer cópias! Sua escrita deve ser espontânea onde ela utiliza o espaço e a ordem das letras de acordo com a fase da escrita em que ela se encontra (com base no trabalho de Emília Ferreiro).
É muito importante salientar que é na educação infantil que a criança vivencia sua aprendizagem. Sem essa vivência, sua capacidade de abstração fica bastante reduzida. É por meio do trabalho concreto de construção dos diferentes saberes que a criança terá a capacidade de abstrair seu pensamento nas atividades do ensino fundamental.
A criança não tem que trabalhar somente as letras e os números, isto é uma consequência de um trabalho maior onde há ética, os valores humanos, a preservação ambiental, o aprender a resolver conflitos, internalizar as regras, enfim, conhecer o mundo e aprender a fazer parte dele a partir de sua singularidade. São estas as diretrizes que norteiam os nossos trabalhos, assim como o que é priorizado na educação infantil, pois o trabalho do educador não pode estar engessado num currículo programático fechado e sim aberto ao novo e ao acompanhamento das descobertas de cada criança.a

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O desenvolvimento da criatividade no brincar

Com a rotina atarefada nós adultos precisamos estar atentos para garantir que as crianças tenham um espaço de brincadeira, pois é brincando que as crianças se conhecem no mundo e tem a oportunidade de lidar com suas vivências. Esta uma atividade rica com sentido pleno. Para que o brincar ocorra é preciso de tempo e espaço para que se possa criar a brincadeira.



Hoje em dia para além do tempo corrido de todos os dias, muitas das brincadeiras acabam sendo condicionadas pelos estímulos externos das tecnologias. Este é um brincar pronto que limita as possibilidades do desabrochar da criatividade.  O brinquedo brinca pela criança tirando a possibilidade de ela viver este modo de ser da brincadeira que é livre e que não tem direção pré-determinada. Deste modo, as crianças se tornam menos protagonistas e criativas nas brincadeiras ocupando um papel de receptora de uma cultura feita para as crianças e não pelas crianças. Este tipo de brincar pronto já esta garantido no nosso modo de viver hoje, por isso precisamos garantir uma outra qualidade do brincar na qual as crianças possam criar.

 
O brincar que aqui sugiro já começa na montagem da brincadeira: preparar o espaço, criar o enredo, decidir quais serão as personagens, etc. O brincar e o processo criativo vem juntos, ambos como linguagens espontâneas tão importantes para o adulto e para a criança. No brincar com brinquedos não estruturados (como corda, caixas de papelão, caixotes de madeiras, toco de árvore, sucatas, etc.)  garantimos que a criança exerça sua criatividade. Quanto menos o brinquedo já estiver pronto mais protagonista as crianças serão em suas brincadeiras, e logo mais criativas. As possibilidades se ampliam no imaginário infantil quando não limitamos suas brincadeiras e o brincar como atividade plena pode ter o seu ciclo completo, da criação até a execução, no qual tocos de árvore podem ser pontes que balançam em cima de jacarés; os carrinhos podem se transformar conforme o decorrer da brincadeira; ou até na invenção de coletores de chuva para tempos de crise hidráulica.

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