A cena é conhecida por nove entre dez mães: depois de horas no fogão,
preparando a refeição perfeita para o filhote, ele simplesmente se nega a
experimentar.
Você faz aviãozinho, monta uma carinha engraçada
no prato, usa toda a sua lábia, inventa histórias, promete mundos e
fundos se ele provar... mas aquele bebê tão fofinho se revela um
monstrinho teimoso, que não tira a mão da frente da boca.
Se
forçar, pior ainda: ele cospe tudo, faz que vai vomitar e ainda abre o
berreiro. Resultado: você troca o jantar por um iogurte, fica frustrada e
o pequeno ainda se alimenta mal. E agora?
Para começo de
conversa, saiba que negar comida é um comportamento perfeitamente normal
entre as crianças. A nutricionista Teresa Bello explica que a falta de
apetite pode ocorrer por diferentes motivos, até mesmo chamar sua
atenção, porque o pequeno logo percebe a importância que os pais dão à
refeição.
O que não é normal é isso virar hábito, colocando em
risco a saúde do seu filho e transformando cada refeição num tormento.
Se é o seu caso, vá ao pediatra, porque só um longo tratamento de
reeducação pode transformar esse comportamento.
Se a negação acontece só de vez em quando, ou se você tem a sorte de não
ter passado por isso ainda, tanto melhor, porque está em tempo de
prevenir. Ensinadas desde bem pequenas, as crianças podem aprender a
gostar de qualquer tipo de alimento.
Como mudar um hábito é
sempre muito difícil, é essencial passar aos pequenos costumes saudáveis
desde cedo. Para ajudá-la, reunimos com a ajuda da nutricionista Teresa
dicas simples e eficazes para ensinar o pimpolho a comer bem e com
prazer.
Até os seis meses, seu filho não precisa de nada além do leite materno
Nesse
período de vida, oferecer só leite materno é mais do que suficiente,
pois ele supre todas as necessidades do bebê e ainda protege contra
doenças, evita diarréia, fortalece a musculatura do rosto e previne
problemas de fala. Assim, a oferta de chás e água é desnecessária e
ainda pode prejudicar a sucção do bebê.
Seja um bom exemplo
Quando nasce, a criança tem nas
papilas gustativas, localizadas na língua, a determinação genética das
preferências e aversões alimentares que terá ao longo da vida.
Entretanto, a influência do ambiente em que ela vive, o exemplo dos pais
e as experiências positivas ou negativas podem ser mais fortes que a
genética.
Ou seja, talvez sua filha naturalmente não se sinta
atraída por carne vermelha, mas com o hábito em casa, pode aprender a
gostar. Maus exemplos e preconceitos também são ensinados desse jeito.
Talvez
ela seja uma fã de frutas por natureza, mas se você não tem o costume
de comê-las e ainda faz cara feia quando lhe oferecem uma maçã, é
provável que sua filha também adquira resistência a esses alimentos.
Depois não adianta exigir que a criança goste de pratos que os próprios
pais não comem.
Não insista demaisMãe sempre acha que o filho está
comendo pouco e acaba forçando o pequeno a comer mais do que ele precisa
ou agüenta. A oferta de um volume de alimentos maior do que a
capacidade gástrica da criança diminui o prazer de comer do bebê e
aumenta a ansiedade dos pais, alerta a nutricionista Teresa.
Não tente bancar a chef de cozinha testando várias misturasPrefira
os alimentos básicos e introduza-os um a um na alimentação do bebê,
gradativamente. É no primeiro ano de vida que a criança conhece novos
sabores e aprende sobre as texturas dos alimentos, e cabe a você
apresentá-los ao pequeno e identificar uma possível intolerância ou
alergia. Ofereça uma fruta, um legume ou uma verdura de cada vez, na
forma de papa ou purê, amassado com o garfo, nunca liquidificado.
Aposente de vez o aviãozinho.Inventar técnicas para
fazer o filho abocanhar a comida, como distrair com um brinquedo ou com
a televisão ligada e camuflar o alimento não educam para o prazer de se
comer bem. Podem até funcionar na hora, mas perdem rápido seu efeito e
você vai ter que exercitar muito a criatividade para criar tantas novas
artimanhas. A hora de comer é hora só de comer, prestando atenção aos
sabores, texturas, aromas, cores...
Substitua o alimento recusado por outro do mesmo grupo nutricional.
Você
insiste no brócolis mas o bebê cospe tudo, abre o berreiro e provoca
ânsia de vômito? Tente espinafre. Rejeita o feijão? Ofereça a lentilha.
Insistir exageradamente em um alimento específico pode diminuir o prazer
com o ato de comer, reforçando a falta de apetite , explica Teresa.
Também
vale mudar o jeito de preparar. Ela não quis espinafre refogado? Ponha
as folhas no suflê, na omelete, no sanduíche... Lançar mão de ervas e
condimentos como pimenta, páprica e curry também pode ajudar muito. A
idéia não é encobrir o gosto, mas deixá-lo mais interessante.
A criança deve comer primeiro com os olhos
Nada de
gororobas misturadas. Ofereça as comidinhas em porções pequenas e
coloridas, dispostas no prato em porções separadas e divertidas. De
preferência, que ele possa comer sozinho, com as mãos até.
Deixe
que ele descubra as cores, formas, texturas e faça combinações como
quiser. Transformar o chato prato-feito em uma refeição lúdica aumenta
as chances do pequeno experimentar novidades e aprender sobre o sabor de
cada alimento.
Assim como o humor, o apetite pode variar de um dia para outro
Instabilidade
alimentar é normal. Comeu pouco hoje? Compense os nutrientes no dia
seguinte. Mas é bom deixar claro: compensar em qualidade, não em
quantidade!
Não tenha medo de impor limites
Já foi comprovado
que a criança nasce com preferência para o sabor doce e resistência ao
amargo. Por isso, é normal preferir chocolate a espinafre. O problema
está em deixar de ingerir o alimento saudável e abusar da guloseima.
Até
um ano de idade, seu bebê possui um estômago mais sensível, que pode
ser irritado pelas substâncias presentes nas porcarias, como enlatados e
refrigerantes. Isso compromete a digestão e a absorção nos nutrientes.
Resista às birras e estabeleça limites, seguindo horários fixos para
fazer as refeições e insistindo em uma alimentação nutritiva.
Use a regra do três
Se seu filho está na fase de
contrariar, é bem capaz que diga não só por esporte. Drible as negações
propondo um trato. Ele terá que provar cada alimento três vezes para ter
certeza de que não gosta. São três garfadas: a primeira para descobrir
que gosto tem, a segunda para saber se é bom ou ruim, e a terceira para
ter certeza.
Você vai se surpreender ao ver como a terceira
garfada faz crianças mudarem de opinião! Se ele realmente não gostar,
cumpra a sua parte no trato e deixe a comida de lado ao menos por essa
refeição.
Alimento não é recompensa e muito menos castigo
Nada
de se comer a salada pode comer a sobremesa ou vai ficar sem ver TV se
não raspar o prato. Também não invente de fazer o jogo dele, em
chantagens do tipo se comer tudo, a mamãe vai ficar feliz e você vai
ganhar uma surpresa . A comida não deve ser vinculada a sentimentos nem
prêmios.
Dentro do nível de entendimento da criança, ensine por
que é realmente importante comer determinados alimentos: a cenoura é boa
para a pele e os olhos, o macarrão e o arroz dão energia e o feijão
deixa forte...
Não ceda à chantagem da greve de fome Ele
não quer comer o jantar balanceado e insiste em tomar sorvete. Para não
deixar o pequeno de barriga vazia, você topa a chantagem e deixa ele se
lambuzar à vontade, depois de prometer que vai comer direitinho na
próxima refeição.
Sabe o que vai acontecer?
No dia seguinte, seu espertíssimo
filhote vai recorrer à mesma tática, se negando a comer o que é certo,
em troca dos seus alimentos preferidos. Não caia nessa.
Se ele
não quer comer o jantar nem nenhuma das alternativas saudáveis que você
ofereceu, deixe ele ir para a cama de barriga vazia. Fome só de sorvete
(ou chocolate, ou bolacha, ou pão...) não existe.
Não deixe os lanchinhos melarem a disciplina
Na
hora do almoço ele não quis comer nada, mas uma hora depois estava
pedindo pelo lanche e se entupiu de biscoitos. Não deixe! Seja firme: se
a criança disse que estava sem fome no almoço, vai ter que esperar até a
hora certa do lanche e quando ela chegar, vai ter que se contentar com a
quantidade correta, mesmo que a fome seja maior.
Continuou com
vontade? Ensine a ela a guardar a barriga para o jantar. Depois de
alguns dias, seu filhote vai perceber que não tem jogo e é melhor comer o
almoço inteiro para não ficar com vontade depois.
O lanche da escola deve ser uma continuação da refeição em casa
A
formação de um hábito alimentar saudável continua fora de casa. Para as
crianças que fazem as refeições na escola, cabe aos pais conferir se o
cardápio é variado, se é elaborado por um profissional e a forma como
são apresentados os alimentos. Se o lanche é levado pronto de casa, é
importante acompanhar o padrão da alimentação oferecida pela família.
Informe os avós sobre a alimentação adotada para o bebê
Antes
de dizer que avô e avó estragam a criança, converse com eles sobre como
seu filho está se alimentando. Se um diz que pode e o outro diz que
não, o pequeno fica confuso e não sabe a quem deve obedecer. É
importante estabelecer regras para que a criança não adquira hábitos
negativos em relação à alimentação , diz Teresa.
Meu filho não quer comer; e agora?
Sobre o Autor:
Centro Educacional Carrossel - Escola especializada em ensino infantil
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